segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O SHOW NÃO DEVE CONTINUAR!



Percival Puggina


O show a que me refiro é esse, diariamente apresentado ao público pela trupe política que, há mais de uma década, atua no grande palco, coxias e camarins de Brasília. A estas alturas o povo já descobriu que o PT oposicionista, vestido de lírios, com cheiro de madressilvas, era encenação. Apresentava-se como um partido formado por almas imaculadas, concebidas sem pecado, incapazes da mais tênue má intenção. Fiquemos, neste texto, com o PT do governo, o que subiu a rampa do Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2002. Seus roteiristas e atores sabiam que o período precedente serviu apenas para marketing da companhia. O povo só descobriu isso depois. 

Nunca fui fã de FHC. Sempre me pareceu que ele, entre outros defeitos, se preocupava demais com o que o PT dizia. Sempre achei que ele deveria fazer como Lula, que não leva o PT a sério. No entanto, a despeito das duríssimas campanhas movidas pela encenação lulopetista, os governos Itamar e Fernando Henrique implantaram e deram continuidade a importantes políticas. A saber: a) o Plano Real, que a trupe chamava de estelionato eleitoral; b) a Lei de Responsabilidade Fiscal, que chamava de arrocho imposto pelo FMI; c) a abertura da economia brasileira, que chamava de globalização neoliberal; d) o fim do protecionismo à indústria nacional, que chamava de sucateamento do nosso parque produtivo; e) as privatizações, que chamava de venda do nosso patrimônio; f) o cumprimento das obrigações com os credores internacionais, que chamava de pagar a dívida com sangue do povo; g) a geração de superávit fiscal, que chamava de guardar dinheiro para dar ao FMI; h) o Proer, que chamava de dar dinheiro do povo para banqueiro. 

 Aquelas medidas, entre outras, forneceram a estabilidade, a credibilidade e o lastro fiscal para que o petismo, assumindo o poder em tempo de bonança internacional, apresentasse como obra sua o espetáculo do crescimento e distribuísse à plateia, entre outros, os dois grandes pacotes de bondades que garantiram a eleição de Dilma: bolsa família para os pobres e bolsa Louis Vuitton para os ricos. Esses são os fatos, esse o script produzido com a caligrafia da História. No show, na versão apresentada ao público, Lula e sua trupe fizeram a economia brasileira colher aplausos internacionais, decolando como o 14 bis para o voo ao redor da Torre Eiffel. Ah, a mágica dos palcos! Ah, o lufa-lufa das coxias! Poucos se lembraram de perguntar como a economia passou a crescer sem que se alterasse, em nada, a política econômica que o PT condenava em seus antecessores. Sem mudar uma vírgula, sem ter que pensar nem que usar a caneta? 

 E agora? Agora, o cenário internacional piorou. A poupança foi dilapidada e as luzes vermelhas estão acessas nos paineis de todos os economistas. A sirene de alarme soa no teatro. Além do desastre continuado em Saúde, Educação, Segurança Pública e Infraestrutura, o Brasil já apresenta problemas seriíssimos em dez áreas fundamentais para o bom funcionamento das atividades produtivas. Há um problema cambial (com o dólar baixo é mais barato importar do que produzir, mas se o dólar subir a inflação aumentará); as exportações diminuem e a indústria passou a decrescer (-2,7% em 2012). Há um problema fiscal (o governo necessitou de escabrosos artifícios contábeis para encenar um pequeno superávit nas contas de 2012). Há um problema na taxa de investimento da economia (um pouco abaixo dos 18%), muito inferior aos 24% sem os quais o 14-bis levanta voo aqui mas tem que pousar logo ali. Há o problema do PIB, que também precisou passar no camarim e receber maquilagem para chegar a ínfimo 1%. Há o problema da dívida pública, que se aproxima dos dois trilhões de reais. Há o problema da inflação, cuja expansão em 2012 foi confessada à plateia como sendo de 5,84% (um número assustador, principalmente se considerarmos que o índice do primeiro mês deste ano chegou a 0,88%). Há o problema da balança comercial, que apresentou, no ano passado, o pior desempenho em 10 anos. Há o problema da infraestrutura insuficiente. E há, sobretudo, o despreparo dos recursos humanos para atuar nos setores dinâmicos da economia, que os empresários têm considerado como o mais alarmante problema que o país enfrentará nos próximos anos. 

 Foi muito fácil aos governos petistas colher aplausos enquanto gastavam o patrimônio acumulado. Mantiveram-se na ribalta como salvadores da pátria. Fizeram passar por gênios, canastrões como Palocci e Mantega. A exemplo de todos os brasileiros, torço para que o petismo encontre algum farelo de competência em si mesmo e tire o país do fosso para onde o conduz há uma década. Em outras palavras, que pare de fazer teatro e assuma um papel respeitável na história. Este país, senhores, tem 200 milhões de habitantes que não podem ser tomados como plateia de embromadores.


Fonte: DEBATES CULTURAIS



Tags : Peruíbe, Vale do Ribeira, Barra do Turvo

BOLETIM DIAGNÓSTICO DE PERUÍBE, REALIZADO PELO INSTITUTO PÓLIS




Para ver todo esse importante estudo realizado pelo instituto Pólis em 2012, sobre as atuais condições econômicas e sociais de Peruíbe, por favor, clique no link abaixo:






domingo, 10 de fevereiro de 2013

PAES DE LIRA FALA SOBRE A TRAGÉDIA EM SANTA MARIA / RS


PROJETO DE NAÇÃO X PROJETO DE PODER




- Sergio Tasso Vásques de Aquino


Os oficiais brasileiros que combateram na Segunda Guerra Mundial ao lado das democracias e contra o totalitarismo nazi-fascista, ao regressarem à Pátria defrontaram-se com o paradoxo de o nosso país ser governado por regime autoritário, de inspiração fascista no nascedouro. Logo logo, pois, estavam as Forças Armadas à frente do movimento pela democratização da vida nacional, do qual decorreu a queda da ditadura que vigia desde 1937. 

 Nos corpos de oficiais das três forças, na época, residia, também, a nata da intelectualidade brasileira, o que determinou o surgimento em seu seio de um ideário que buscava novos, eficazes e eficientes caminhos para a afirmação do Brasil no cenário internacional e para a concretização do seu destino de grandeza e de realização do povo, mercê dos portentosos recursos postos à disposição dos brasileiros pela luta, pela bravura, pelos trabalhos e pelos sofrimentos dos heróicos ancestrais luso-brasileiros. 

 A consequência prática dessas idéias foi a criação da Escola Superior de Guerra – ESG, com a formulação de sua notável Doutrina de Ação Política, constantemente atualizada e aperfeiçoada durante os anos seguintes e pelos tempos afora, de acordo com o próprio espírito dinâmico com que foi gerada. 

Inédita, criativa, autêntica e profundamente nacional, lastreada em elevados princípios espirituais, éticos e morais, a Doutrina da ESG transformou-se em referência para o planejamento da vida nacional e fonte de formação e aperfeiçoamento dos militares e civis que acudiam, anualmente, aos seus variados cursos, e passavam a conhecer profundamente o Brasil e seus problemas e as formas de buscar-lhes e dar-lhes soluções. Como gravado em seus dísticos característicos: “UM CORAÇÃO E UMA ALMA A SERVIÇO DO BRASIL” e “AQUI SE ESTUDAM OS DESTINOS DO BRASIL”. 

Foi difundida por toda a América do Sul e copiada, adaptada e adotada pelas escolas de altos estudos estratégicos de todos os seus países, havendo servido, também, de base doutrinária para o Colégio Interamericano de Defesa, em Washington, levada pelo então Coronel Meira Matos, quando lá exerceu as funções de Chefe do Departamento de Estudos. 

Formulados didaticamente pela ESG, passaram os Objetivos Nacionais Permanentes – soberania, integridade do patrimônio nacional, integração nacional, democracia, progresso, paz social – a orientar todo o esforço de construção nacional, centrado no fortalecimento do Poder Nacional nas suas expressões, política, econômica, psicossocial, militar e científico-tecnológica, para garantir Desenvolvimento e Segurança ao Brasil. Daí decorreram uma Política Nacional e uma Estratégia Nacional, sempre visando ao bem comum.

 A aplicação prática dos conceitos formulados na Doutrina da ESG permitiu que os governos advindos da Revolução Restauradora de 1964 dessem notável impulso quantitativo e qualitativo à vida brasileira, elevando nossa economia aos primeiros postos do mundo e garantindo a prevalência dos valores democráticos entre nós, num regime forte, porém não totalitário ou arbitrário, que se fizera necessário para salvar o País da ameaça de domínio pela esquerda extremada, de inspiração marxista-leninista-maoista-castrista-trotzkista, que apelara à agitação propagandístico-política e à via armada para a tomada do poder. 

 O planejamento estratégico integrado, cobrindo todos os campos de atividades e todas as regiões do Brasil, seguido de adequadas ações de organização, execução, coordenação e controle permitiram o desenvolvimento, mais que o crescimento apenas, em todas as expressões do poder nacional e por toda a parte, melhorando a qualidade de vida dos brasileiros e elevando nossa Nação no concerto internacional. Foram notáveis os surtos de progresso e de bem-estar experimentados, num dos índices de desenvolvimento mais importantes da História humana contemporânea. Nenhum dos Generais-Presidentes se quis eternizar no poder, sendo seus períodos de governo constitucionalmente limitados, e generalizada era a honradez na gestão da coisa pública: nenhum deles enriqueceu no governo, nem havia os escândalos que se tornaram tão comuns a partir da chamada “democratização”, ao ponto de hoje serem considerados inevitáveis e normais pelo povo, que foi perdendo suas referências ético-morais pela intensa lavagem cerebral ideológica a que vem sendo submetido, principalmente de 1990 para cá. 

 O ideário do Movimento Salvador de 1964 buscava “debelar a subversão, erradicar a corrupção e promover o homem comum brasileiro”. Uma vez que foi percebido que a Nação voltava a trilhar os bons caminhos históricos, que faziam do Brasil o festejado “país do futuro”, capaz de ver realizados os sonhos de grandeza, paz e abundância que sempre inspiraram seus melhores filhos, mercê da aplicação racional dos formidáveis recursos naturais de que é superlativamente dotado, os últimos Generais-Presidentes resolveram promover a abertura política, com a chamada “democratização do País”. Dessa forma, de maneira espontânea e sem traumas, encerrou-se o chamado “período militar”, com o retorno do governo aos civis, mediante eleições livres e universais. 

 Antes de deixarem o governo, e como notável contribuição para a paz social, os governos militares promoveram a anistia, “ampla, geral e irrestrita”, seguindo o exemplo magnífico de Caxias, o Pacificador, aplicável a ambos os lados envolvidos na cruenta luta dos anos anteriores, um defendendo as instituições no campo democrático e o outro tentando substituí-las por outra ordem, de acordo com sua inclinação ideológica comunista. Como consequência, muitos antigos guerrilheiros e terroristas, que se haviam exilado do Brasil, trocados por diplomatas estrangeiros sequestrados pela esquerda extremada, e líderes políticos de esquerda puderam regressar ao País e reencetar atividades políticas, em função do que finalmente puderam ascender aos mais altos postos da República, nos Três Poderes. 

 O primeiro Presidente civil a ser eleito, Tancredo Neves, faleceu antes de assumir, causando ambiente de profunda comoção nacional. Em seu lugar, foi empossado o Vice-Presidente, José Sarney, extremamente frágil politicamente, já que o cenário político, na época, era dominado pelo chefe real da oposição e figura dominante na Assembleia Nacional Constituinte, da qual decorreu a Constituição de 1988, Ulysses Guimarães. Essa Constituição, parlamentarista no espírito e bastante influenciada por idéias de revanche e de divisão da sociedade, tem sido a causa última das graves mazelas que passamos a viver nacionalmente desde então. 

 Fraco foi o governo Sarney, com uma inflação galopante, que atingiu píncaros absolutamente inaceitáveis, que corroía a moeda e vida econômica e social do Brasil. A percepção de crescentes focos de corrupção no governo e fora dele fez com que os brasileiros, ainda sensíveis a esse problema naquela quadra, aceitassem a imagem do “caçador de marajás”, teatralmente assumida pelo desconhecido candidato Fernando Collor de Mello, que, graças ao surto de aspiração ético-moral e ao apoio avassalador da mídia, especialmente televisiva, se alçou a Presidência em 1990. Esse, também, foi o ano fatídico, em que o Projeto de Nação concebido, formulado, vitalizado e aplicado pelos “governos militares” passou a ser combatido, vilipendiado, esquecido, sendo substituído por mero projeto de poder, até hoje e crescentemente em curso, para tristeza e infelicidade nacionais. 

 Quem estudar com isenção a História do Brasil, de 1964 a 1984, verá que os militares intervieram na política, para salvar o Brasil da ameaça de comunização que sobre ele pairava, de forma perigosa, imediata e real, e atendendo aos clamores do povo. Os índices de progresso e avanço da vida nacional, em todos os campos e setores, foram naquele então, e até hoje, inigualáveis. E havia honradez na gestão da coisa pública. De forma alguma, éramos, como atualmente, dos mais corruptos países do mundo. O Brasil se dava ao respeito e era respeitado e ninguém de fora, Estado, empresa, ONG, se metia em nossos negócios ou atrevia-se a querer dizer o que devíamos fazer. Éramos uma só grande Nação, soberana, altiva, una e indivisa, sem fracionamentos e lutas de classes e sociais, exemplo de convivência fraterna para o mundo. A grande civilização dos trópicos, que cria em seu radioso futuro, tinha fé, esperança e orgulho de ser Brasil! 

 Rio de Janeiro, RJ, 05 de fevereiro de 2012.


Fonte: DEBATES CULTURAIS



Tags : Peruíbe, Vale do Ribeira, Barra do Turvo


EM BUSCA DO TEMPLO SECRETO







Postagem recomendadaME MOSTRE O CAMINHO


sábado, 9 de fevereiro de 2013

O CARNAVAL DE PERUÍBE ME AJUDOU A TER UMA EXPERIÊNCIA CULTURAL










Agora a pouco, neste sábado de carnaval em Peruíbe/2013, tive uma inusitada experiência cultural. Pois bem, estava retornando da praia, quando fiquei literalmente ENCURRALADO, por um bloco de foliões, próximo da galeria do cinema.

Aquele monte de foliões e um (arg!) trio elétrico vieram pela avenida, com uma barulheira insuportável e espirrando as famigeradas  espuminhas de 1,99. Aí, não teve jeito, eu e um amigo que me acompanhava precisamos nos refugiar na entrada da galeria.

Até que foi bom, gostei dos quadros em exposição. Valeu a pena. E eu que pensava que o Carnaval jamais poderia contribuir para uma experiência cultural !!!


NELSON DO POSTO É O NOVO SECRETÁRIO INTERINO DE SAÚDE DE PERUÍBE



Nelson do Posto é nomeado o novo secretário interino de Saúde de Peruíbe. O vice prefeito Nelson Gonçalves Pinto, o Nelson do Posto, foi confirmado na tarde de hoje o responsável interino pela pasta.

 “A Saúde está entrando em um processo de reestruturação. As melhorias estão acontecendo e estou nomeando o vice prefeito, que tem acompanhado comigo todo este processo de transição”, afirma a prefeita Ana Preto. 

 Com a transição da pasta, as metas e programas desenvolvidos para a melhoria da Saúde de Peruíbe estão garantidas. 

“Nossa prioridade é depois de solucionadas as urgências e emergências, entrar na estruturação do Hospital e da rede básica, incluindo o PSF”, comenta a prefeita. 

 Nelson do Posto assume de maneira interina, até a chegada de um novo secretário. 

 “Tenho acompanhado a evolução da Saúde e estou ao lado da prefeita desde o primeiro dia de Governo. Temos trabalhado juntos e tenho visto o empenho pessoal e a liderança que ela tem exercido”, destacou o vice prefeito.

 A transição da Saúde para o novo plano de ação está previsto para os próximos dez dias, quando deverá ser anunciado o nome do novo secretário. Enquanto isso, a gestão em andamento segue sob o comando do vice prefeito e da prefeita Municipal.


Fonte: DIÁRIO DO LITORAL


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

CARNAVAL PERUÍBE 2013: MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA



Ah, você gosta de carnaval e entrou aqui sem querer? Azar o seu. Que o Carnaval em Peruíbe passe rápido. E QUE CHOVA BASTANTE .... pensando bem, é melhor não chover muito !!!


Para mim o Carnaval consiste em falta de educação, desordem, imoralidade, sujeira, barulho, etc. É um mais do que feio exemplo de anti-cultura, uma festa medíocre.



POSTAGEM RECOMENDADA: UM ROSTO PARA O NOSSO FUTURO


MARCADORES: PERUÍBE, PERUIBENSE, FESTA, CARNAVAL EM PERUÍBE, ODEIO CARNAVAL


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

NÃO BASTA TER RAZÃO


Ferreira Gullar

Entendo que alguém, que durante toda a vida tenha tido o marxismo como doutrina e o comunismo como solução dos problemas sociais, se negue, a esta altura da vida, a abrir mão de suas convicções. Entendo, mas não aprovo. Tampouco lhe reconheço o direito de acusar quem o faça de "vendido ao capitalismo." Aí já é dupla hipocrisia. 

 Tornei-me marxista por acaso, ao ler o livro de um padre católico sobre a teoria de Marx. É verdade que o Brasil daquela época estava envolvido na luta pela reforma agrária e pelo repúdio ao imperialismo norte-americano, que se assustara com a Revolução Cubana. 

 Confesso que meu entusiasmo por um Brasil concretamente mais democrático não me permitiu examinar, ponto por ponto, a doutrina marxista, para nela descobrir equívocos e propósitos inviáveis.  

Não ignorava, claro, as acusações feitas ao regime soviético, mas atribuía aqueles erros à fase stalinista que, após a denúncia feita por Khruschov, havia sido superada. A verdade é que essas questões --sobretudo depois que os militares se instalaram no poder-- não estavam em discussão: o fundamental era derrotar a ditadura e avançar na direção do regime socialista. 

 Com o AI-5, em dezembro de 1968, a repressão aos comunistas e opositores do regime militar intensificou-se, multiplicando-se os casos de tortura e assassinatos. 

 Tive que deixar o país e ir para a URSS. Convivendo ali apenas com militantes brasileiros e de outros países, pouco pude conhecer da vida dos cidadãos soviéticos, a não ser daqueles que pertenciam à máquina oficial. 

 De Moscou fui para Santiago do Chile, aonde cheguei poucos meses antes da queda de Allende.

 Mergulhado no conflito ideológico que opunha as duas potências antagônicas -URSS e EUA-, não me foi possível ver com maior clareza o que de fato acontecia nem muito menos os erros cometidos também por nós, adversários do imperialismo norte-americano. Isso se tornou evidente para mim, anos mais tarde, quando o sistema socialista ruiu como um castelo de cartas. 

 Tornou-se então impossível não ver o que de fato ocorria. O regime soviético não ruíra porque um exército inimigo invadira o país. Pelo contrário, foi o povo russo mesmo que pôs fim ao sistema e o fez porque ele fracassara economicamente. 

 Não obstante, muitos companheiros se negavam a aceitar essa evidência. Passaram a atribuir a Gorbatchov a culpa pelo fim do comunismo, como se isso fosse possível. A verdade é que as pessoas, de modo geral, têm dificuldade em admitir que erraram, que passaram anos de sua vida (e alguns pagaram caro por isso) acreditando numa ilusão. 

 E, além do mais, é compreensível, uma vez que o socialismo propunha derrotar um sistema econômico injusto e pôr em seu lugar outro, fundado na igualdade e na justiça social. 

 É verdade também que em alguns países onde o socialismo se implantara muito foi feito em busca dessa igualdade. Não obstante, algo estava errado ali, já que o regime era obrigado a coibir a livre opinião e impedir que as pessoas saíssem livremente do país. A pergunta é inevitável: alguém, que vive no paraíso, quer a todo custo fugir dele? 

 Tampouco o regime capitalista é o paraíso. Longe disso. A diferença é que, dele, podemos sair se o decidirmos, criticá-lo e, pelo voto, mudar o governante. Mas não é só isso. O capitalismo é dinâmico e criativo porque é a expressão da necessidade humana de tudo fazer para melhorar de vida. 

 Neste momento mesmo, milhões de pessoas estão inventando meios e modos de criar empresas, realizar empreendimentos que lhes possibilitem lucrar e enriquecer. 

 Como poderia competir com isso um regime cujo processo econômico era dirigido por meia dúzia de burocratas, os quais, em nome do Partido Comunista, tudo determinavam e decidiam? Isso conduziu o comunismo ao fracasso e levou a China a tornar-se capitalista para escapar do desastre que pôs fim ao sistema socialista mundial. 

 O capitalismo, por sua vez, é o regime da exploração e da desigualdade, precisamente porque se funda no egoísmo e na busca do lucro máximo. Se deixarmos, ele suga a carótida da mãe. 

 O grande problema, portanto, é este: como estimular a iniciativa criadora de riqueza e, ao mesmo tempo, valer-se da riqueza criada para reduzir a desigualdade.


Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO


Comentário: Não basta ter razão? Como assim? Os comunistas teriam razão se aquilo que eles ainda defendem TIVESSE FUNCIONADO.

Criticar o capitalismo é fácil. Até eu reconheço os seus defeitos. O problema foi quando durante o século XX uns retardados tentaram substituí-lo. As alternativas não foram as melhores.

A economia planificada foi um tremendo fiasco. Na URSS existia até ministério para administrar salões de beleza. Os camaradas realmente acreditavam que era possível gerar riqueza através do ESTADO MÁXIMO, estatizando todas as atividades econômicas. Mas essa estratégia foi minada por uma gigantesca BURROCRACIA, a qual fez com que os soviéticos importassem trigo dos EUA, embora o império vermelho tivesse uma área agrícola muito maior. O país simplesmente não conseguia produzir o necessário e com a qualidade adequada, embora seus recursos naturais fossem maiores dos que o do inimigo americano. 

Ah, o egoísmo do capitalismo é feio? Ora, a hipocrisia do socialismo é muito mais feia. Burgueses não escondem que gostam de luxos, e de muito dinheiro para satisfazerem seus gostos sofisticados. Já comunista se fingindo de humilde .... pô, acaba sendo ridículo. 

Se um camarada tiver o próprio carro roubado - por um favelado vítima da opressão capitalista, é claro - eu duvido que ele não se sinta ofendido. Todo aquele papo imbecil de que "a propriedade é um roubo"vai para a cucuia. E se um bando de "vítimas" dos exploradores burgueses invadisse a casa desse comunista, agredindo a ele e a sua própria família? Creio que não preciso dizer mais nada.


domingo, 3 de fevereiro de 2013

REVISTA VEJA ESPECIAL - TRAGÉDIA EM SANTA MARIA



Bem, não discutirei aqui os artigos dessa edição da VEJA sobre a tragédia na agora tristemente célebre Boate Kiss. Focarei minha análise na capa.

 Ainda é cedo para dizer que esse evento trágico será como um divisor de águas na história do Brasil. Esse NUNCA MAIS não convencerá as massas da necessidade de se fazer esse tal do "Brasil novo", até porque as massas são ignorantes demais quanto as suas responsabilidades nesse tipo de questão.

Sabe a história do babaca que sabia que um morador na mesma rua que a dele era um foragido da justiça, e não contava para a polícia (denúncia anônima, é pra coisas assim que ela serve), por "medo"? Então, o criminoso acabou matando um filho dele, após uma simples discussão. Apenas pergunto: QUEM FOI UM DOS CULPADOS POR ESSA TRAGÉDIA? Devia ter denunciado, NÃO É MESMO? Mas não ..... o cidadão estava com medinho. E um certo dia o bandido matou o filho dele.

Que ninguém me diga que muitas pessoas da cidade gaúcha de Santa Maria não ignoravam que a Boate Kiss era uma armadilha da morte. Muitos sabiam, mas fingiam que não era com eles, foram omissos, contribuindo para essa tragédia. Agora, fica fácil para qualquer um que tenha estado dentro da Kiss bem antes da tragédia, se colocar como testemunha da precaridade do local, da sua falta de segurança, embora tenha até recentemente ficado calado.

A capa da Veja passa com sucesso a mensagem de uma justa indignação. A imagem representa uma moça que sobreviveu ao incêndio, que durante um dos enterros coletivos das mais de duzentas vítimas, pranteou o falecido namorado usando um chapéu do mesmo, momento cheio de simbolismo. Ali se vê o sofrimento  do Rio Grande do Sul e do Brasil. Sem dúvida, se tornará uma capa histórica, mas não mudará a nossa história.

Na sociedade brasileira, o "dedodurismo" é sempre visto de forma pejorativa, mesmo que seja para denunciar algo que possa prejudicar seriamente a própria sociedade. Temos por aqui uma vergonhosa cultura de omissão, cujo um dos mais graves produtos fará uma semana neste domingo. Se você, que neste momento lê este texto atrevido, sabia que aquela boate não era segura, mas preferiu ficar calado, reflita sobre a sua responsabilidade.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

NÃO LAMENTE E ENTENDA UM FATO: CONTE MAIS CONTIGO PARA SAIR DESSA PRECARIEDADE



É importante para o sistema de produção praiano de Peruíbe que os índices de desemprego na cidade sejam sempre altos, pois são esses valores elevados que criam as condições para haverem muitos peruibenses que se disponham a trabalhar por salários baixos, os quais dificilmente passam do limite do que é legalmente estabelecido (salário mínimo). Os empregadores que dessa forma contratam, aplicam por aqui a receita do menor custo de mão-de-obra possível, para aumentarem os seus lucros. 

 Na temporada de verão, essa estratégia é infalível, pois nunca falta quem por necessidade, se disponha a trabalhar muito em troca de pouco. Ah, o quanto é bom não ter que se depender disso! Dessa economia de veraneio estou bem distante, pois simplesmente não entendo dela para sobreviver. 

 Enterre desde agora as esperanças na mudança desse cenário, pelo menos de forma coletiva, ou seja, envolvendo uma considerável parcela pobre da nossa população. Se você é um peruibense que trabalha em condições tão desprestigiadas para ti, a vergonha é apenas sua, e deveria ser um desígnio pessoal acabar com essa situação, sem ficar esperando que o governo municipal resolva. A mudança para melhor só poderá ser feita por indivíduos solitários.Esqueça a ideia de transformações coletivas, de que com a nova administração a cidade se tornará um novo Eldorado. Conte mais contigo mesmo para sair da própria precariedade. 

 Artigo recomendado:EU NUNCA DESISTI DE PASSAR EM UM CONCURSO PÚBLICO, E CONSEGUI



segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS



Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1.925. Numa ladeira encrespada de fumaça. 

 A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta. 

 Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa. 

 A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013. 

 As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada. 

 Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa. 

 Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio. 

 Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda. 

 Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência. 

 Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa. 

 Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram. 

 Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo? 

 O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista. 

 A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados. 

 Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro. 

 Mais de duzentos jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos. 

 Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal. 

 As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso. 

 Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu. 

 As palavras perderam o sentido.


- Poeta Fabrício Carpinejar