quinta-feira, 3 de maio de 2018

PERUÍBE: O JULGAMENTO DAS URNAS CONTRIBUIRÁ PARA A DIREITIZAÇÃO DA SOCIEDADE PERUIBENSE - MAIO DE 2018



A expansão de grandes redes do comércio varejista (e até atacadista) em Peruíbe trouxe muitos empregos, mas o mercado de trabalho local prossegue precário, caracterizado pela predominância do trabalho informal, baixos salários e poucos trabalhadores "registrados" (registro em carteira de trabalho). Com ou sem recessão nacional, o desemprego peruibense se mantém elevado, e as consequências são bem conhecidas.

Uma delas é a redução da população jovem que reside nos bairros praianos. Explico: esses bairros são de classe média, e muitos dos jovens moradores, após anos de estudos em faculdades e finalmente diplomados, não conseguem nesta cidade os empregos para os quais se prepararam, e acabam se destacando no movimento migratório peruibense, participando principalmente da "marcha para o sul", ou seja, desistem desta cidade, alguns provisoriamente, mas a maioria de forma permanente. Isso prossegue ano após ano, e o  SISTEMA ECONÔMICO LOCAL continua se mantendo por tempo indefinido, sem reformas.

Pois é, o "capitalismo" praiano peruibense, por mais insustentável que seja (não falo da questão ecológica), segue aos trancos e barrancos, sem ser questionado de forma significativa por grande parte dos intelectuais locais. Num passado recente, o PORTO BRASIL foi uma chance para se mudar isso, tornando Peruíbe uma das mais importantes cidades brasileiras, mas a oposição santista e o radicalismo ecológico enterraram essa chance. E a bem pouco tempo, o polêmico projeto da USINA TERMOELÉTRICA também foi descartado, mas como já disse, escolhas têm consequências, e uma delas decepcionará a elite local, que se desenvolveu sob a influência santista.

Falei muito sobre o inevitável PROCESSO DE VALE-RIBEIRALIZAÇÃO, que virá como resultado de tantas restrições aos grandes investimentos que poderiam ter se instalado aqui, mas as consequências não serão apenas econômicas, sociais e da inevitável integração com a região vizinha. Também existe o efeito político, pois os moradores não votam apenas em eleições municipais.

Ora, os movimentos sociais que tanto se dedicaram ao esforço da #UsinaNão são ideologicamente de esquerda. Escutei manifestantes gritando "Fora Temer", sem entender o que o impopular presidente (e vice da Dilma, não é mesmo?) tinha a ver com isso. Alguém acredita que a parcela do eleitorado peruibense que era a favor da Usina Termoelétrica (grupo no qual não falta desempregado) vai se esquecer disso, e votará nos candidatos esquerdistas que esses movimentos apoiarem? Dá para entender?

Vou repetir, escolhas têm consequências. Eu mesmo escolhi não lutar por algo que já considerava sem futuro logo no início (não aderi ao #UsinaSim, mas jamais me declarei #UsinaNão), preferindo me poupar para o que realmente importa, as eleições de 2018, agora tão próximas, e aviso: boa parte dos eleitores de Peruba City votarão contra os companheiros que querem o Lula livre e de volta ao poder em Brasília, independente de qualquer ideia legal que defendam. A esquerda brasileira sofrerá mais derrotas humilhantes neste ano.

Nesta cidade o julgamento das urnas será severo, em parte como resultado de um lugar em que a elite (mais social-democrata e "progressista" do que liberal) não luta por alternativas de desenvolvimento ao modelo econômico daqui. Falo de um julgamento que contribuirá para a direitização do Brasil e naturalmente, da própria sociedade peruibense.

Ah, sim: Bolsonaro tem tudo para ser um campeão de votos aqui em Peruíbe.


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