sexta-feira, 22 de julho de 2016

DENISE CAMPOS DE TOLEDO / INDEXAÇÃO E INCERTEZAS AFETAM A INFLAÇÃO - JULHO DE 2016



Essa alta do IPCA-15, que é a prévia da inflação oficial, superou as projeções, mas não alterou a expectativa de uma inflação mais baixa, que possa ficar ao redor de 7% no fechamento deste ano. A pressão agora veio muito de alimentação, como nós vimos, e deve perder força com a normalização da oferta do feijão, do arroz, do leite, que são os produtos que mais estão pesando. De qualquer modo, a inflação mostra resistência, o que até justifica a manutenção dos juros elevados pelo Banco Central. Mesmo com a recessão e o dólar mais baixo, que induzem um comportamento melhor dos preços, a inflação ainda está rodando num nível muito alto. Deve fechar o ano acima do teto da meta, que é 6,5%. Tem essas pressões inesperadas; tem a indexação, ainda muito presente na nossa economia, que é a correção de preços e serviços com base na inflação passada; e tem as incertezas em relação ao ajuste das contas públicas. O governo, a nova equipe econômica, estão gerando maior confiança em relação ao ajuste fiscal, com propostas de reformas, como da Previdência, limitação de gastos. Mas o avanço dessas propostas vai depender muito do clima político, até da definição do impeachment. Enquanto não houver maior segurança e começarem a aparecer dados mais concretos, referentes a essa esperada melhoria das finanças, o governo, com gastos acima da receita, continua atrapalhando o controle da inflação. Isso foi até destacado pelo Banco Central no comunicado de ontem que veio junto com o anúncio da manutenção da taxa básica em 14,25% ao ano. Só a previsão de inflação mais baixa não garante corte dos juros. Mas, o ambiente é de maior confiança. Confiança no ajuste das contas públicas, no comportamento da inflação, na reversão da crise, e por causa desse ambiente mais favorável, a expectativa ainda é de alguma redução dos juros antes do final do ano. Portanto, podemos fechar 2016 com dois dados favoráveis: a retomada do crescimento, que é a inflação mais baixa, com juros um pouco menores. Além, é claro, de outras medidas que podem ajudar, como a aceleração das concessões, de privatizações, fora a retomada de investimentos, aumento das exportações. Ao contrário de alguns meses atrás, agora há um horizonte, pelo menos, de reorganização da economia. Eu volto na segunda. Até lá.


MARCADORES: GOVERNO MICHEL TEMER, INFLAÇÃO, IMPEACHMENT DA DILMA 2016

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