quinta-feira, 14 de abril de 2016

DENISE CAMPOS DE TOLEDO / CRISE ECONÔMICA É PRODUTO DE MUITA INCOMPETÊNCIA - ABRIL DE 2016



Essas projeções em relação às contas públicas mostram bem o tamanho da dificuldade que um novo governo terá, no caso de aprovação do impeachment, pra colocar a economia nos eixos. A animação do mercado, que já dá como certa a mudança de governo, vem muito da expectativa de que um novo presidente tenha mais apoio político e competência pra avançar com as medidas necessárias pra estabelecer uma condição melhor de evolução da economia. Ainda que as medidas sejam impopulares, como o corte de pessoal, de despesas nas várias áreas, aumento de impostos, a reforma da Previdência. E não vai dar pra perder tempo. O novo governo, pra garantir o esperado choque de confiança, vai ter que anunciar, com muita rapidez, uma equipe competente e as primeiras propostas. É importante aproveitar, inclusive, o respaldo político que virá do próprio processo de impeachment. Afinal, se passar, se houver o impeachment, em tese, isso vai significar que a maioria dos parlamentares endossou a mudança de governo. Portanto, deverá haver um entendimento pra ajudar esse novo governo a governar e viabilizar uma saída da crise. Ações precisas, confiáveis, podem, inclusive, estimular investimentos, até com atração de recursos externos, que serão importantes para a economia entrar mesmo numa trajetória de recuperação. Chega de paradeira, de inabilidade na gestão da política econômica, de distribuição de cargos e de ministérios só com foco político. Foi muita incompetência que jogou o País na atual crise. Claro que não dá pra esperar por uma mudança mágica, por um governo altamente eficiente e independente. Até porque o jogo político no Brasil é muito pesado. Concessões têm de ser feitas. Por isso, na lista de reformas, também é imprescindível que haja uma reforma política. Mas dá, sim, pra fazer muita coisa pra estabelecer um horizonte de recuperação, que, na prática, será mais um retorno à condição que estávamos poucos anos atrás. A deterioração foi rápida. O País tem de ter de novo uma meta de superávit fiscal, uma meta de inflação, uma condição institucional mais segura pra quem quer investir, com menos intervencionismo. Adiar os ajustes que têm de ser feitos só reforça a crise. Estamos vendo isso. E, mesmo que o governo tenha de apertar muito o cinto, especialmente, pra reequilibrar as finanças, o Brasil tem potencial pra reagir. Boa noite.


MARCADORES: GOVERNO DILMA / PT, IMPEACHMENT DA DILMA, PROTESTO NO DIA 17 DE MARÇO, VOTAÇÃO DO IMPEACHMENT

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