quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

DENISE CAMPOS DE TOLEDO / O QUE O GOVERNO DESEJA MESMO É MAIS IMPOSTO - JANEIRO DE 2016




No ano, até novembro, a queda de produção chegou a 8,1%. Um retrocesso muito forte. Os dados de novembro tiveram influência do desastre de Mariana e da greve de petroleiros,que afetaram a indústria extrativa. Mas a queda de produção está muito disseminada. A indústria entrou em crise bem antes do País. Perdeu muito espaço para os produtos estrangeiros no período de dólar baixo. A produção nacional foi sendo substituída por produtos estrangeiros. Até a indústria fez isso. Pra reduzir custos passou a usar mais insumos e componentes importados. Com menos capacidade de concorrência, as exportações também encolheram. Aí veio a crise do País, com inflação, juros mais altos, queda do consumo. Ficou tudo pior. O dólar subiu, o que pode ajudar. Mas não faz mágica. A ampliação das vendas internas está limitada pela forte queda do consumo e o aumento das exportações não ocorre de uma hora pra outra. É preciso retomar contatos, fazer acordos, o processo é demorado. E ainda tem muita ineficiência, o custo Brasil, os investimentos que o próprio setor vem deixando de fazer. Muita coisa pesa na competitividade.Um dos segmentos com maior queda de produção foi o de bens de capital, máquinas e equipamentos, que são termômetro dos investimentos do próprio setor. A queda de produção nessa área foi de mais de 31% sobre novembro do ano anterior. No ano, mais de 25%. É muita coisa. 2016 não deve ser tão ruim. Mas o mercado já prevê uma queda da produção por volta de 3,5%. Isso depois de toda a queda já acumulada. E olha que essa projeção leva em conta alguma reação das exportações. Mas, como eu disse, vai ser um processo demorado. Até porque o governo também ficou devendo uma ação mais firme no sentido de ampliar os acordos comerciais. Mais um erro em meio a tantos outros que nos levaram à atual crise. E não dá nem pra contar com algum estímulo via desonerações, financiamento mais barato, porque o cobertor está curto. O governo quer mais é aumentar a carga de impostos pra ampliar a receita. Não tem mais dinheiro pra recorrer a velhas fórmulas de estímulos pontuais, com objetivos de curto prazo. O pior é que no exterior as noticias também não são as melhores. A China, em desaceleração, pode partir para uma ofensiva na ampliação das vendas externas, impondo maior concorrência. A economia global deve crescer pouco. A Argentina está se reorganizando e pode ajudar as vendas brasileiras. Mas os ajustes por lá vão levar algum tempo e o país também quer ampliar exportações.É isso. A indústria deve ter mais um ano ruim, o que não favorece a reação da economia e ainda pode gerar mais desemprego. Eu volto na segunda. Até lá.


FONTE: ECONOMIA EM 2016, AUMENTO DO DESEMPREGO, CRISE CHINESA EM 2016, RETROCESSO NA INDÚSTRIA BRASILEIRA, QUEDA DA ATIVIDADE INDUSTRIAL, IMPOSTOS, GOVERNO DILMA / PT

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