segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

EM CASO DE UMA REVOLTA NA CORÉIA DO NORTE, O QUE FARIAM OS EUA? O QUE FARIA O MUNDO?






"VAMOS FAZER PYONGYANG TREMER !!!"


No início dos anos setenta, presos políticos norte-coreanos que trabalhavam nas minas do Campo de prisioneiros número 12, revoltados com o tratamento degradante, se amotinaram. Os prisioneiros atacaram as famílias dos guardas com pás, picaretas, machados e martelos depois que eles tinham ido para o trabalho. Quase todas as mulheres e crianças foram mortas. Quando os agentes de segurança e guardas correram de volta para sua aldeia, ela já tinha sido destruída e estava cheia de gente morta.





O final dessa tragédia? Bem, os guardas se vingaram, disparando indiscriminadamente contra os presos. Mataram todos os prisioneiros envolvidos, que eram cerca de 5.000 !!! Os presos lutaram mas não conseguiram superar guardas armados com metralhadoras e fuzis AK 47.

Eu me pergunto o que teria ocorrido se esses revoltosos tivessem conseguido tomar algumas das armas dos guardas, reduzindo sua desvantagem. Esses prisioneiros estavam enlouquecidos e brutalizados, a ponto de sequer terem piedade de mulheres e crianças indefesas. E se tivessem tomado o campo? Quais as consequências para a então "próspera" (graças a ajuda soviética) Coréia do Norte? Sem dúvida seria uma revolta grave para o país, mas que o então poderoso exército jucheísta reprimiria rigorosamente, não deixando sobreviventes.

Mas isso foi em outro tempo, quando o norte da península coreana era mais desenvolvido do que o sul, superioridade militar incontestável e uma Seul dependendo bem mais da presença bélica dos EUA do que na atualidade. Naquele tempo soldados norte-coreanos que atuavam no paralelo 38 não precisavam caçar Javalis nas florestas se quisessem comer carne e desconheciam desnutrição. Se algum norte-coreano pronunciasse publicamente uma fantasia futurista distópica, na qual o exército e a polícia do PARAÍSO DOS TRABALHADORES seriam obrigados a realizar fuzilamentos de civis famintos acusados de canibalismo, ele seria sem dúvida acusado de traição.

A realidade da Coréia do Norte atual é outra. Agricultura incapaz de alimentar toda a população, atraso tecnológico (menos quando se trata de armamentos, tecnologia nuclear e espacial), ditadura que já não consegue promover de forma eficiente lavagem cerebral nas gerações mais novas e - vou parar por aqui - um IDH inferior ao do Sudão. Nova pergunta: Que resultado terá uma revolta num campo de concentração daquele país na atualidade?

Dou uma visão "cinematográfica" de como pode ser isso. Provavelmente, o levante ocorrerá em uma prisão do tipo campo 14, lugar onde não falta detento que pegou perpétua ao nascer ( devido a "crimes de parentes"), sendo provocado por alguns dos próprios guardas (nesse caso, membros de um grupo de oposição ao governo). Esses guardas precisarão saquear algum dos arsenais, armar vários dos presos, matar outros guardas, tomar o campo, e finalmente terão de convencer outros infelizes moradores da prisão a se juntarem a revolta. Um guarda rebelde no meio de uma multidão andrajosa, com uma AK 47 numa das mãos e berrando "vamos fazer Pyongyang tremer" poderá provocar um baita impacto psicológico em pessoas que nada tem a perder, a não ser as suas terrivelmente sofridas existências. Ah, sim, um evento desse tipo teria que ocorrer em outras prisões no mesmo dia (tudo parte de uma ação bem coordenada), para que houvesse a possibilidade de derrubar a ditadura socialista da família Kim. 

E os EUA e o mundo? Duvido que a reação fosse a mesma que se tem para com a Síria. Assad é um campeão dos direitos humanos se comparado ao líder Kim Jong-un, que chegou a ordenar o fuzilamento de um membro do alto escalão de seu governo com um tiro de morteiro, por ele ter ficado bêbado durante o período do velório de Kim Jong-il. Esse cidadão come maçãs adubadas com açúcar, enquanto crianças das parcelas mais oprimidas da população comem salamandras vivas por causa da carne, além de caçarem ratos para churrasco. Ah, ele tem armas químicas ... e bombas atômicas. Duvido que o Obama engrosse com ele (que advertiu Assad sobre o possível plano para usar armas químicas) e ainda duvido que o resto do mundo apoie os rebeldes norte-coreanos da mesma forma que hoje ajuda os combatentes sírios que tentam tomar Damasco. Até a Coréia do Sul exitará em intervir. Sobraria a China, que apoiaria o regime para tentar manter sua fronteira com o país livre de refugiados, que poderiam se tornar milhões.

Também é preciso dizer que uma revolução armada anti-socialista na Coréia do Norte será violentíssima não apenas devido a terrível reação governamental, mas por causa da fúria de um povo brutalizado, que não desejará apenas derrotar a ditadura, mas buscará vingança. Será uma das piores guerras civis da história mais recente da humanidade. A Síria de hoje é violenta? Esperem e verão o que pode ser pior.

A segunda imagem da postagem e muitas das informações aqui contidas foram extraídas do site sul-coreano  DAILYNK, espaço de denúncia das atrocidades cometidas na Coréia do Norte.


Postagem recomendada: CORÉIA DO NORTE: REPÚBLICA POPULAR DA FOME


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