segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MAIORIA DOS ALUNOS DA BAIXADA SANTISTA NÃO ESTÃO BEM EM MATEMÁTICA


Maioria dos alunos da região não entende a matemática


Maurício Martins




Na Matemática das escolas públicas da Baixada Santista, os números são negativos. Mais de 90% dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental nas nove cidades locais não têm aprendizado adequado à série que cursam. Ou seja, apresentam dificuldades para fazer cálculos que deveriam ser simples para esse grau de instrução.


A informação consta dos últimos dados, referentes a 2009, divulgados pelo movimento Todos pela Educação – organização criada em 2006 que estabeleceu metas (para o sistema educacional público) a serem cumpridas no País. O resultado se baseia nos estudantes avaliados na Prova Brasil (Avaliação Nacional do Rendimento Escolar) aplicada pelo Ministério da Educação (MEC).


Em Santos, Cidade com o melhor índice, apenas 12,9% dos alunos aprenderam o suficiente em Matemática. O Município não conseguiu nem sequer atingir a meta estipulada, de 15,6%. Isso quer dizer que 87,1% dos estudantes aprenderam menos do que deveriam.


“Santos é uma cidade rica, com uma arrecadação de impostos altíssima, tem recursos para colocar na Educação. Não deveria ter uma aprendizagem tão baixa, é totalmente inadmissível”, afirma a diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz.


O resultado de São Vicente é mais desanimador: 7,2%, o pior entre todas as cidades da Baixada Santista e ainda menor do que o registrado em 2007, de 7,5%.


“O direito constitucional, fundamental de toda criança é aprender. As redes precisam dar conta de efetivar esse direito. É absurdo uma rede em que só 7% aprenderam o esperado. Isso não deveria ser algo aceito pela sociedade desse município. É um número excessivamente baixo”, ressalta Priscila.


Peruíbe, com 9,3%, também ficou longe da meta fixada, de 16,7%. A cidade apresentou recuo de um ponto percentual em relação ao nível de 2007.


Apenas Bertioga superou a meta projetada para a cidade, de 6,6%. Mas o total de apenas 8% de alunos com aprendizado em Matemática adequado à série não é motivo para comemoração.


Na região, o índice observado é de 9,2%, menor do que a média brasileira. No País, a porcentagem fica em 14,8%. Se separada só a região Sudeste, a taxa aumenta para 18,8%.


Um dos objetivos do movimento Todos pela Educação é o de que, até 2022, 70% ou mais dos estudantes de todo o Brasil tenham aprendido o conteúdo ensinado em sua série. No 9º ano, em Matemática, apenas 35 cidades do País (0,6%) têm pelo menos 50% dos alunos com aprendizado correto.


Para a diretora executiva da organização, a melhor capacitação dos professores é um dos caminhos que permitem mudar a atual realidade. “A formação inicial do professor é muito frágil. Tem até conseguido dar conta nos anos iniciais, mas não prepara os professores para os anos finais dos ensinos fundamental e médio. Não existe solução sem levar em conta o professor”.


Quinto ano


No 5º ano do Fundamental, a rede pública de ensino da região atingiu as metas para Matemática. A melhor, Itanhaém, teve 48,4% dos alunos com aprendizagem adequada à série. Depois, Cubatão, com 43,6%, e Praia Grande, com 41%. Santos ficou com 39,2%.


A média da Baixada é de 37,5%, maior do que os 32,6% observados no Brasil.


Português


Em Língua Portuguesa, no 5º ano do Ensino Fundamental, Santos (41,3%), São Vicente (29,9%), Praia Grande (42%), Guarujá (31%) e Peruíbe (35,2%) não atingiram as metas individuais estipuladas pelo movimento Todos pela Educação. Neste caso, apenas 37% dos alunos da Baixada Santista têm aprendizado adequado. No Brasil, o índice é de 34,2%.


Também em Português, no 9º ano do Ensino Fundamental, apenas Peruíbe não cumpriu a meta de 27,4% e teve 25,2%. Cubatão ficou com o resultado mais satisfatório, 29,4%, e Santos fechou com 29,1%. Na região, o índice médio é de 24,6%, contra 26,3% da média brasileira.


Como explicar esses maus resultados?


Para a Secretaria de Educação de Santos (Seduc), o problema pode estar nas crianças com dificuldades de aprendizagem. “Esses casos estão sendo mapeados pelas coordenadoras pedagógicas das escolas. Temos uma planilha de todos os alunos que não chegam à média seis, que é a nota do município”, diz Susanna Artonov, técnica da Seduc.


Segundo Susanna, existem medidas em andamento para corrigir as falhas. “Temos projetos de letramento e raciocínio lógico em Matemática, com alunos atendidos no contraturno e a educação integral. Então, estamos de olho, buscando caminhos para minimizar as dificuldades”.


Questionada sobre o número insignificante de alunos com aprendizado adequado em Matemática no 9º. ano, a técnica da Seduc rebate. “Eu não consegui me apropriar da metodologia do cálculo (do movimento Todos pela Educação). Pelo Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), tivemos uma evolução. Não estou negando que temos fragilidades, mas existe, também, um programa de formação de professores na área de Matemática. A questão é nacional”.


Já a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Vicente informa, em nota, que a Secretaria de Educação vem, desde 2008, trabalhando para atingir todas as metas. Segundo a assessoria, a Seduc já conseguiu alcançar várias delas, conforme informa relatório apresentado (alunos do 9º ano atingiram a meta de Português, assim como estudantes do 5º ano atingiram a de Matemática).


A assessoria diz, ainda, que é feito um trabalho diário com professores e alunos, para que o próximo levantamento resulte no alcance de todas as metas.


“Vale frisar que as metas não atingidas em 2009 ainda são reflexos de reprovações ocorridas em 2008 e que afetaram alguns dos índices do ano seguinte”, sublinha.


Mais Esclarecimentos


A supervisora de ensino de Peruíbe, Denise Almada, afirma que a rede municipal implementou, nestes últimos anos, uma série de ações visando à melhoria da qualidade da educação.


“É sabido que os resultados virão a longo prazo, mas, para a equipe da Secretaria de Educação, foram uma surpresa os dados divulgados, visto que superamos as metas projetadas para o Ideb”, salienta.


A supervisora ressalta investimentos na formação dos professores e no reforço para alunos. “Peruíbe mantém um número adequado de alunos por classe, garantindo recuperação paralela no contraturno, com professor efetivo, para todos os alunos com desempenho insatisfatório”.


Estado


Como o resultado leva em conta todas as escolas públicas, incluindo as estaduais que mantêm Ensino Fundamental, A Tribuna questionou a Secretaria Estadual de Educação sobre índices negativos.


Em nota, a assessoria de imprensa diz que a Diretoria Regional de Ensino de Santos oferece capacitação e cursos de aperfeiçoamento para professores e coordenadores da rede estadual, além da educação continuada. Cita, ainda, a especialização de docentes, promovida em parceria com as universidades estaduais paulistas.


Ainda segundo a assessoria, neste ano as escolas estaduais terão professores-auxiliares, para suporte aos docentes titulares na assistência a alunos dos ensinos Fundamental e Médio que necessitarem de atenção suplementar no processo de aprendizagem.


“Haverá, ainda, a recuperação intensiva, que possibilitará a formação de classes para até 20 estudantes em quatro etapas do Ensino Fundamental, com estratégias pedagógicas diferenciadas e específicas, de acordo com as necessidades dos alunos com dificuldades de aprendizado”, conforme a assessoria.

Fonte: A TRIBUNA

 

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