quarta-feira, 7 de setembro de 2011

COPA DO MUNDO DE 2014, OLIMPÍADAS DE 2016 E A CRISE GREGA


Aristóteles Atheniense - 01/09/2011

O alto preço que a Grécia pagou

Vivemos uma fase de grande expectativa em relação à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016. Em todas as áreas há quem pretenda obter elevados lucros, sem pensar no que virá depois.


Tão logo se anunciou a realização daqueles certames, o nosso governo foi alertado da necessidade da criação de uma Comissão de Inquérito no Congresso, para evitar o superfaturamento e o desvio de meios por parte dos escolhidos para concretizar aqueles eventos.


A Grécia realizou suas Olimpíadas em 2004. Decorridos, até agora, sete anos, não existe ainda um consenso em relação ao verdadeiro valor gasto nos preparativos de Atenas e do país para aquelas disputas.


O então ministro das Finanças da Grécia, George Alogoskoufis, anunciou que o valor despendido foi de US$ 11,9 bilhões. Cinco anos após, outra autoridade local divulgou que o custo foi superior a US$ 17 bilhões, como, aliás, noticiado pelo jornal londrino The Times. Ainda hoje há quem sustente que os gregos gastaram cerca de US$ 30 bilhões com aquele acontecimento.


Na crise atual em que vive a nação helênica, é comum surgir quem atribua às Olimpíadas de 2004 uma das causas fundamentais para a queda que aflige a população. Quando da construção do novo metrô de Atenas, houve atraso das obras, obrigando a realização de gastos imprevistos para que pudessem terminá-las dentro do prazo necessário. Fato grave foi divulgado pela revista alemã “Der Spiegel” de que a operadora das ferrovias daquele país, Deustche Bahn, subornara o governo para ganhar a concorrência do contrato da construção do metrô de Atenas.


Nos últimos meses, o primeiro-ministro da Grégia, George Papandreau, após colocar o seu cargo à disposição do Parlamento, conseguiu implantar uma medida de austeridade, cortando salários, fundos de aposentadoria, benefícios sociais, além de despedir mais de 200 mil funcionários. Chegou mesmo a firmar: “ou mudamos ou naufragamos todos juntos!”.


Ainda que não seja razoável estabelecer uma comparação entre o Brasil e Grécia, o acontecido naquela nação há de nos servir de exemplo. Não que se torne necessário renunciar à oportunidade ímpar da realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Longe disso. Mas a tragédia grega há de nos servir de exemplo. Basta assinalar que, na maioria das cidades sedes, as obras não estarão prontas no tempo inicialmente previsto.


Diante dos sucessivos escândalos que marcaram os Ministérios do Turismo e Transporte, paira uma razoável expectativa quanto aos recursos destinados àquelas pastas, que estão intimamente ligadas aos eventos programados.


Seria injusto afirmar que foi a realização das Olimpíadas de Atenas que levaram a Grécia à situação calamitosa que no momento atravessa. Mais do que o dispêndio havido, independentemente de seu valor, o que se sabe é que grassou naquele país uma corrupção deslavada, que certamente encontrou nas Olimpíadas um campo fértil para o seu avanço.


Torna-se indispensável que o Tribunal de Contas, a Controladoria da União e os demais órgãos de fiscalização existentes estejam de alerta quanto ao que está sendo feito, não se intimidando com as críticas à tarefa que exercem.


No governo anterior, o presidente Lula queixou-se seguidamente da atuação do Tribunal de Contas, que estaria emperrando a administração pública.


Queira Deus que esta resistência não ressurja, de forma que não venhamos a sofrer as inquietações que afligem a Grécia atualmente.

Fonte: JORNAL DA MANHÃ

Comentário: esse é um artigo raro, pois cita como um dos motivos da crise econômica grega os imensos gastos com as olimpíadas de 2004. Difícil é encontrar no Brasil alguém disposto a falar disso, pois sediaremos dois gigantescos eventos esportivos internacionais, os quais serão em grande parte PAGOS COM O DINHEIRO PÚBLICO, ou seja, grana do contribuinte. Os gregos ainda pagam por um grande evento. Os brasileiros, MAIS INTELIGENTES, pagarão por dois que serão realizados NA MESMA DÉCADA.


Neste país esse assunto é para a massa um tabu. Existe uma fascinação com a Copa de 2014 já que ela ocorrerá aqui, e tem quem acredite que isso é importante para a pátria, pois "melhorará a nossa imagem para o mundo". Também existe o papo absurdo do "nível de felicidade", de que esse evento "tornará os brasileiros mais felizes". Trata-se da nefasta estratégia do PÃO E CIRCO, ótima para agradar a um povo acostumado a votar em troca da bolsa-família. Esta é uma das formas do PT para tentar se perpetuar no poder. Só não vê quem não quer.


Avancemos para 2014. A plebe futebolística está alegre, se sente nos céus, agitando bandeirinhas verde-amarelas e suprando aquelas ridículas cornetas. Pouco interessa para um futebolista fanático de baixa renda ou da "classe média lulista", que ele dificilmente terá grana para assistir a pelo menos um dos jogos da seleção brasileira, fazendo com que ele acompanhe tudo ou quase tudo pela TV, tal como ele faria se a Copa de 2014 fosse, sei lá, na Alemanha. Na cabeça do fanático por futebol o que importa que o evento ocorrerá no solo pátrio. Ah, os gastos? O que importa é que ele seja "feliz", tão espantosamente satisfeito que até vote a favor do PT nas eleições de 2014, independente de como esteja a situação do país quando esse ano chegar. Patriotismo - mesmo um baseado nessa bobagem chamada de Futebol - maquia até uma grave crise.


Exemplo prático: no início de 1982 o partido Trabalhista britânico caminhava para uma vitória tranquila nas eleições parlamentares daquele ano. Os conservadores e a senhora Thatcher aguardavam por uma surra, já que a situação do Reino Unido estava muito grave, com desemprego elevado, miséria e o famoso IRA ganhando força graças ao martírio do Bobby Sands. Mas aí a Argentina invadiu as Malvinas / Falklands (que muitos ingleses chegaram a pensar que ficavam perto da Escócia), e a tendência histórica mudou. Os militares britânicos - que não conseguiam acabar com a guerra da Irlanda do Norte - foram até o distante arquipélago, deram uma surra nos nossos vizinhos, e voltaram como heróis nacionais. E a "dama de ferro" venceu as eleições, apesar dos sérios problemas internos do país.





Estou sendo claro? Mesmo que o Brasil seja derrotado nessa bagaça, vai ter eleitor do tipo que parece possuir UMA BOLA DE FUTEBOL DENTRO DA CABEÇA, que votará na Dilma - se ela for candidata, o que parece pouco provável - ou no Lula - o candidato mais provável do PT - por GRATIDÃO.  Se a (arg!!!) nossa seleção for vitoriosa, aí eu temo pelo pior. O que importará que esse país esteja sendo afetado pela recessão global, se conseguir chegar ao HEXA? 

E eu nem falei das nossas futuras Olimpíadas. Desnecessário, pois a ilusão será semelhante, com brasileiros sonhando com medalhas de ouro que nunca serão deles. E os gastos também serão imensos, FERRANDO COM O FUTURO PRÓXIMO DO BRASIL. Mas já não adianta dizer isso, né?




No vídeo acima, vemos o então presidente do México, Miguel de la Madrid, recebendo uma sonora vaia, durante a abertura da Copa do mundo de 1986. Pois é, teve gente lá que não se deixou dominar inteiramente pelo espetáculo. Corajosos esses mexicanos cansados do PRI.



Até por aqui alguns já tiveram uma coragem similar. Mesmo este blogueiro desta esquecida Peruíbe sabe que ainda existem legítimos patriotas que não idolatram as grandes personalidades do PT.


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