sexta-feira, 26 de agosto de 2011

NORUEGA E " A ATRAÇÃO FATAL "


Rui Moreira - A atração fatal

O massacre de Oslo veio, mais uma vez, chamar a atenção dos europeus para o risco do terrorismo interno que tem sido muito desvalorizado face à ameaça, sempre presente, do terror islâmico. O ultra-nacionalismo fanático que está na origem do terrorismo na Irlanda do Norte e no País Basco, foi aqui o detonador de um atentado perpetrado por um louco, não havendo quaisquer provas de que faça parte de um grupo organizado.


Na Noruega, um país civilizado e de brandos costumes, sempre existiu um sentimento nacionalista intenso, com contornos particulares. Aliás, foi esse fator que sempre o manteve afastado da adesão à União Europeia, ao contrário do que sucedeu com os outros países nórdicos. Quando vivi na Noruega, nos anos 70 do século passado, conheci pessoas que tinham uma adulação pela cultura “viking”, pelos “Norse” e pelos feitos de Leif Ericsson, pela preservação do património cultural e histórico do seu maravilhoso país, e que entendiam que a Noruega precisava de ser preservada das más influências externas e de aprofundar as suas raízes.


Essa auto-estima nacional, de um povo que exibe a sua bandeira com orgulho, nada tinha em si de perigoso, embora tivesse precedentes sombrios, já que o paganismo nórdico, e a mitologia que lhe está associada, tiveram grande influência na Alemanha de Hitler. Vários membros do partido nazi eram membros da sociedade Thule, um grupo que se dedicava ao estudo do misticismo associado às tradições nórdicas e à sua simbologia, e que viria a ter grande repercussão nos quadros dirigentes das SS. Mas os noruegueses guardam bem viva a recordação da invasão nazi, e do nacionalista Quisling que lhe abriu as portas. O facto de o seu país ter sido o primeiro em que um partido local, e não alemão, tomou parte na conquista do seu próprio país pelos nazis é visto como uma mácula na história nacional. E, ao contrário do que certamente sucederá a Anders Breivik, Quisling viria a ser fuzilado após a guerra, depois de os noruegueses terem aprovado, com efeitos retroativos, a pena de morte para o crime de alta traição a que fora condenado.


Nos últimos anos, contudo, ocorreram grandes transformações sociais no país, com vagas sucessivas de imigração, e com o primado do multiculturalismo, que ofende as tradições nacionais. Para isso contribuíram os políticos noruegueses, que se recusaram a confrontar os problemas que foram surgindo e permitiram, por exemplo, que muitos bairros de Oslo se transformassem em enclaves muçulmanos. Bruce Bawer, um americano que reside na Noruega, e que se tem notabilizado por denunciar os riscos da islamização, escrevia, a propósito, que nesses enclaves, as mulheres são tratadas como cidadãos de segunda, os homossexuais são perseguidos, e a Sharia substituiu, de fato, a lei vigente. E, tal como acontece em quase toda a Europa, a discussão sobre o fracasso da integração dos imigrantes muçulmanos tem sido silenciada, chegando a ser criminalizada pelos tribunais. Assim, o país que antes vivia fechado sobre si próprio, que nunca teve colonias, e que nunca quis abrir as suas portas ou perder a sua identidade cultural, transformou-se no solo fértil para o ódio.


A tentativa, por parte dos defensores do multiculturalismo, de acusar os conservadores de cumplicidade na tragédia de Oslo, não é de todo justificada, e ignora os ventos que se fazem sentir pela Europa. Em Inglaterra, onde está em curso uma campanha para transformar várias cidades em estados islâmicos independentes em que a única lei que vigorará será a Sharia, começa a haver uma forte reação à islamização descontrolada dos costumes.


Ora, se a Europa não tiver a coragem de exigir que as suas leis sejam acatadas por todos, se não exigir que a sua identidade cultural seja respeitada, se permitir que a sua tolerância seja abusada, o recrudescimento do nacionalismo será inevitável. E a partir desse momento será cada vez maior o perigo de se ultrapassarem as barreiras que separam sentimento nobres e elevados, como os de pertença a um país e a uma cultura, e de virem a revelar formas bem pouco dignas de xenofobia e de racismo facilmente conducentes a revoltas e a mais atos de terrorismo.

Fonte: INSTITUTO DA DEMOCRACIA PORTUGUESA


Comentário: apenas discordo quando o autor chama o terrorista nórdico de louco. Isso ele não é. Mas de fato, ou os europeus começam a defender suas culturas com o uso da democracia ou o pior virá, como o fascismo e até guerras revolucionárias.


Um comentário:

Anônimo disse...

O artigo e muito valioso, se nós olhamos a razao verdadeira das circunstancias da Noruega. o que eu quero dizer é que a gente sempre procura um culpavell, mas nunca tenta buscar a razao de um fato.

Eu sei do que estou falando porque sou historiador e sociologo, mas nao estou de acordo com que voce diga que o Anders nao e um terrorista. Essa palavrinha esta bem usada.

otra coisa a situacao noruega e muito dificil, mas a vida das pessoas e mais importantes que o sentimiento ideologicos, nao acham?